quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cheiro a mar

Hoje em conversa com alguém que está a viver fora bateu-me (e bem forte) as saudades da vida de emigra, a saltar de casa em casa e de país em país. 
Desde que cheguei de Itália em 2007 que assentei arraiais e não quis (mesmo) voltar a ouvir falar em viver fora. Não me preocupo em saber se é algo definitivo ou temporário, o que será será. 
Mas hoje... ouvir as histórias da procura de casa, pessoas estranhas que se conheceu, etc etc lembrou-me este post que escrevi em 2007, na altura a viver na Holanda. E lembrei-me dos tempos em que queria ser marinheira e mercadora, com medo de me ancorar a uma terra que não movesse. 
Conclusões? Agora estou bem aqui. Tão bem que nem me lembro de vir escrever ni meu blog, mas o futuro a deus pertence ;)

Fantasmas

Quando fugimos de um fantasma sabemos que nem vale a pena correr. 
Continuamos com a nossa vida como se nada fosse. Vivemos tudo com a naturalidade de quando nada se passa. Sem fazer barulho, sem contar a ninguém. É um segredo nosso que estamos a fugir, do fantasma que ainda não nos apanhou. 
A vida segue, com sabor a bónus, mas sabendo que quando o fantasma quiser somos engolidos e tudo acabou. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Perdidos e achados

Uma vez, tinha uns 5 anos, quando a andar na rua encontrei um gatinho perdido. Era pequeno, fofissimo e ronronante, igualzinho aos das revistas e calendários.
Lembro-me de lhe pegar ao colo, fazer festivas (e ouvir aquele ronron imediato) e implorar à minha mãe para ficar com ele. Era lindo e queria-o mais do que tudo, mas tive de compreender que não estava abandonado e que a sua dona de certeza que quereria voltar a ficar com ele. Podia estar perdido agora... mas não tardaria muito a querer recuperá-lo, consciente da perda que seria ficar sem ele.
Ainda me lembro do que me custou largá-lo... mas há certas coisas que temos mesmo de aprender em pequenos, para reconhecer as situações mais tarde e deixá-las ir...

Nem tudo o que encontramos pode algum dia nos pertencer.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Por aí

Há dois anos jurei não voltar a pisar as ruas desta cidade. 
Não sem antes terem passado dez anos. Não sem antes ter tido filhos e lhes vir mostrar a cidade onde a mãe deles tinha vivido quando era nova. 
Como o trabalho não me permite tal luxo, aqui estou, sem estar. 
Passo por estas ruas sem as pisar. Deslizo pelas sombras e pelas avenidas cheias de gente onde ninguém me consegue ver. Existo com o corpo de um fantasma que passa pelos sítios sem os tocar nem deixar pegadas. 

Quem pensa que me viu que se desengane: olhou apenas para a sua memória. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A dada altura o mundo vem para nos cobrar toda a ajuda que alguma vez recebemos. 
Aquela que de tão grande, silenciosa, discreta e sábia, não conseguimos sequer agradecer. 

É fácil fugir mas se não a dermos não merecemos sequer a vida que temos! 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Greve

Havia aquele gajo que era tão radical, tão radical, que vivia sozinho e mesmo assim fugiu de casa. 
Eu sou aquela pessoa que era tão radical, tão radical que trabalhava por conta própria e mesmo assim fez greve!

(post colocado a dia 25 por motivos óbvios ;)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sem esquecer

Penso para comigo e partilho muitas vezes para com os meus turistas que talvez fosse capaz de perdoar à ditadura de Salazar a Guerra Colonial, a fome e todos os presos e mortos políticos mas que jamais seria capaz de perdoar o atraso cultural em que nos deixou, que tantos anos depois ainda se sente e vive, ainda que de maneira subtil. 
Ao mesmo tempo, penso que talvez um dia seja capaz de perdoar aos governos dos últimos 15 anos a dívida externa e as sucessivas medidas de austeridade mal distribuidas, mas jamais lhes serei capaz de perdoar terem obrigado tantos jovens a emigrar e a ir embora, das tantas maneiras possíveis. Estando o problema mesmo aí: nas "tantas maneiras possíveis".

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Crescer

Desde que nascemos que é implícito que vamos crescer. 
Ainda somos bem pequeninos quando começamos a sonhar com o "quando eu for grande" e a nossa mãe nos diz "come a sopa toda para cresceres".
E ainda assim, nunca nos preparamos realmente para isso. 
Podemos começar a fazer coisas diferentes, trocar o secundário pela universidade e o autocarro pela mota ou pelo carro, sentimo-nos diferentes. 
E mesmo assim nunca pensamos nos problemas diferentes que teremos. 
Ninguém nos explica de maneira credível que pior do que os problemas rabiscados num pedaço de papel durante a aula de português são aqueles que não se dizem e se dão somente a entender (ou nem isso). Pior do que os dramas que nos fazem gritar ("a sério??") são aqueles que nos deixam sem palavras e um grande aperto no peito. Piores do que aqueles que nos deixam preocupados porque teremos de avançar e resolvê-los, são aqueles em que nada podemos fazer. 
Se me tivessem explicado tudo isto em pequenina, talvez não tivesse comido a sopa toda.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A petecia-me escrever qualquer coisa. Qualquer coisa bonita, inteligente, inspiradora e profunda.
Daquele tipo de coisas que se escrevem depois de mega crises existênciais, quando começamos a crer que aquele filão de pedra um pouco mais brilhante (ou menos escuro) é a famosa luz ao fundo do túnel.
Mas não sou capaz.
Não que esteja em baixo, que não estou, mas mesmo quando estamos a voar livremente pelos céus, quando flutuamos de alegria, quando nos sentimos capazes de sei lá o quê de tanta felicidade que contemos, reparamos sempre que deixámos uma pequena pedra no nosso bolso, que nos está a puxar para baixo e que áquela altitude, por muito cuidado com que se atire para o chão, vai ter sempre o efeito de uma bala.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Causa - efeito

Desde a mais tenra idade que os bebés se surpreendem com uma relação muito simples: a da causa e do efeito. Com o simples apertar este botão e sair um som. Mandar ao chão e aquilo se partir... e por aí fora.
Com o tempo, crescimento e desenvolvimento, isto devia-se tornar em algo banal. Ora se para algumas coisas o é, noutras continua a surpreender e quase encantar!


Admito o quanto ainda me surpreende por vezes o simples facto de querer algo, caminhar nessa direcção, fazer por isso... e as coisas acontecem! :)
É de facto simples mas de tão simples, por vezes esquecemo-nos disso! :)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Biblioteca Itinerante Calouste Gulbenkian

Ouvir um apito longo de carrinha numa tarde de Primavera, apesar de poder parecer banal, fez-me viajar no tempo e lembrar dos tempos em que "vinha a biblioteca".
A biblioteca era a carrinha castanha, atulhada de livros da Biblioteca Itinerante Calouste Gulbenkian, que passava por sítios lonínquos muito antes de existirem livrarias ou centros comerciais aqui ao pé.
"Vir a biblioteca" não era só vir a carrinha. Era um mundo mágico que lá vinha dentro. Primeiro, quando se ouvia a buzina, ia-se a correr chamar 2 ou 3 vizinhos, com medo que eles não tivessem ouvido: a Biblioteca não era algo que se pudesse perder. Depois iamos todos juntos até ao sítio onde a Biblioteca parava, em grande algazarra, porque estava ali A Biblioteca. Vinham "os senhores da Biblioteca" que me ajudavam a escolher os livros (e me viam a crescer em termos literários). E vinham os livros todos. Esse sim era o encanto porque se podia escolher 5 livros dentro daquelas estantes todas... acho que era o sítio com mais livros juntos que eu já tinha visto! E havia duas prateleiras para mim, um em cima da outra, ao lado do condutor, com pérolas como o "Pequenú" (o maior desafio, visto terem 300 páginas cada livro"), de onde eu ia tirando e escolhendo livros. Durante uma semana ou duas, brincava menos na rua, porque tinha os meus livros para ler. Ao fim de 3 semanas já os tinha lido todos e aí havia que emprestar livros entre vizinhos, para poder continuar a lêr.
Hoje em dia estas bibliotecas são vistas como o cúmulo da ruralidade, talvez pobreza, ou outras coisas menos "inn", mas pergunto-me se alguém consegue ler 5 livros por mês. Mesmo tendo tempo para os lêr, conseguiria comprá-los? Não me parece!

Projectos como este são sim o cúmulo do altruismo e da inclusão. Levar livros a toda a gente, 5livros por mês, onde quer que as pessoas estejam. Não seria certamente quem sou se todos estes livros não tivessem vindo ter comigo!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

7 anos

Claro que, uma vez mais, deixei passar o aniversário do Blog!
7 anos... ai a despesa com os livros da escola! ;)

sábado, 9 de abril de 2011

Coraline e a Porta secreta

- Vem Coraline, vem para o meu mundo e olha como ele é lindo.
- Oh, ele é de facto magnífico, é tudo tão lindo. - dizia Coraline encantada em redor. Deliciada, convenceu-se de que a sua falsa mãe tinha criado um mundo verdadeiramente lindo, e trocou-o pelo seu.

Certa noite, o gato acordou Coraline e disse-lhe: "vem, vou levar-te a dar um passeio". Meio estremunhada ela aceitou e deixou-se então levar pelo gato que lhe começou a mostrar áreas que ela antes não tinha visto. Era tudo escuro, era tudo feio e partido.
- Ah, o que é isto?
- Isto não era para tu veres, por isso, a tua falsa mãe ainda não construiu.

História do "Coraline e a porta secreta" (espero que tenha dado para entender) e ilustra na perfeição o que é estar num resort no México. Tudo lindo, o que é para eu ver. O resto, eles não construiram.

domingo, 6 de março de 2011

1 2 3 vou nascer outra vez

Quando se vê um vizinho, um primo ou um sobrinho a crescer é giro e transforma-se em todo um processo quase imperceptível e interessante.
Mas quando nos sentimos a nós próprios a crescer, nos olhamos ao espelho e já quase lá vemos outra cara, aí é estranho. E há outra pessoa para conhecer.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Primeiro fechamos bem as portas e as janelas com medo dos assaltos. Depois pomos grades para afastar pessoas inconvenientes. A seguir até aqueles conhecidos menos interessantes nos começam a incomodar mais e por isso pomos uns cortinados bem compridos, para que não se veja nada para dentro (nem tenhamos que ver o que se passa lá por fora). Mas a dada altura não chega. E há que colocar uns estores bem fechadinhos para que nem a luz do Sol, essa galdéria que passa por toda a gente, passe por nós também.
Com tanto conforto dentro de casa, e um isolamento que não se consegue criar lá fora facilmente, deixamos de sair, claro.
Isolamo-nos tão bem que a dada altura quase desejamos que um ladrão nos invada a casa para ter alguém com quem conversar...

Abre os estores, as cortinas, tira as grades, abre as portas e as janelas e vai lá para fora gozar a luz o do Sol, como antes.
Beijinhos.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Publicidade e Aidma

Hoje em dia a publicidade vende-nos tudo e tudo o que ela vende, nós vamos atrás e compramos.
Claro que há coisas que gostávamos de poder comprar e não compramos, mas a maioria dessas coisas é colocada pelo nosso cérebro numa caixinha chamada "inatingível", que serve justamente para esse tipo de coisas não incomodar nem chatear.
Só há uma (talvez duas) que eles nos vendem e não se compram. Provavelmente a maioria está a pensar na felicidade, mas eu refiro-me mesmo aos amigos (como se uma coisa existisse sem a outra).
Em certos produtos o objecto da venda (ou pelo menos o desejo de quem compra) é mesmo esse, mas se nos habituámos a ir a correr comprar tudo o que nos vendem, nesse não podemos e é daí que vem a frustração.
Aqueles grupos de amigos gigantescos, super divertidos a sair juntos, fazer coisas na praia, que se amam e se divertem imenso... vamos ser realistas, quantos de nós é que os têm? Acho que é uma das lutas mais duras e complicadas, uma das coisas mais difíceis de se conseguir: a vida pessoal.
Por ser um processo que requer tanta manutenção e leva tempo a construir a sociedade acabou por colocá-lo de parte, como se fosse uma coisa boa mas que se não se tiver, não faz mal. E começou a dar mais valor à vida profissional. Essa sim, tem de ser brilhante e a sua importância é inquestionável. Fica tão bem ganhar-se bem, fica tão bem ter amigos do trabalho, fica tão bem dizer-se "estou cheia de trabalho, tive de ficar a trabalhar até tarde" (embora por sua vez fique mal pedir ao patrão que pague as horas extra, que isso é coisa de operário).
Começo a perceber que quando falam do trabalho, se for um emprego de nome ou de salário pomposo as pessoas falam não para se queixar, mas para se vangloriar. E descobri porque é que alguém se torna workaholic e não é pelo dinheiro. É que quando uma única coisa nos corre bem na vida é bem mais fácil refugiarmo-nos nela do que sair do conforto e ir lá para fora sujeitarmo-nos a apanhar porrada. Ainda por cima a sociedade acha que fica bem. E o chefe fez um elogio. E porque sim. Pronto.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Right now

    Uma coisa é pensar no assunto e ver que aquela é a melhor opção. Que faz todo o sentido, que há que o fazer e decidir o quê e quando se fará. Ainda que num futúro próximo, é fácil
     Outra coisa, e bem mais difícil, é fazê-lo neste momento. Sair de casa para o fazer, pisar a soleira indo nessa direcção e concretizando tudo. Isso é que é difícil. Há motivos, desculpas, medos e receios que se refugiam em pequenas coisas reais, que quase chegam para nos enganar a nós próprios, por vezes até num simples e falso "não tive tempo".
    Mas há uma altura em que chega e em que tudo isso tem um sabor a vazio e usado. É por isso que este post vai ficar incompleto, porque eu vou beber o resto do café, vestir o casaco, pegar nas chaves, fechar a porta e sair de casa para o fazer. Neste momento, sem adiar nem olhar para trás

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

   Nunca conheci casal mais diferente do que os meus pais. Se um dizia direita, o outro tinha a certeza absoluta que era esquerda, se um dizia que ainda era cedo, o outro estava em pânico porque não queria chegar atrasaso, e os exemplos podiam continuar por aí fora. Nem discutiam muito, porque a minha mãe se calava, mas a coisa sempre me divertiu e podia-me pendurar para um lado ou para o outro, conforme me convinha. Dava jeito.
    Certa vez, tinha 5 ou 6 anos e constipei-me. Lembro-me vagamente da história, de que a gripe não queria e não queria passar. Claro que eles também discordavam nisto: a minha mãe queria-me levar ao hospital e o meu pai, no ar descontraído que sempre o acompanhou, defendia que não valia a pena, que a gripe passava sózinha. Na altura a minha mãe ainda não tinha carta e por isso, para me levar ao médico tinha de o convencer primeiro...
    Desta parte lembro-me como se fosse hoje: era segunda feira, tinhamos jantado batatas fritas com salsichas e ovo estrelado (a vantagem de estar doente é que podia escolher o menu e na altura este era o meu prato preferido), eu estava sentada no sofá a ver televisão (criança mais feliz é dificil imaginar) e a discução deles continuava "ela jantou tão bem, já tá quase boa...." -"oh marido...." não me lembro do resto da frase, mas sei que fomos ao hospital. O velho hospital de Sintra, com aqueles azueljos brancos e montes de cartazes de doenças na sala de espera. E lembro-me do olhar lancinante da minha mãe, contra o meu pai, com aqueles azulejos de fundo, quando o médico sai cá para a fora e diz "a menina tem uma broncopneumonia, ainda bem que a trouxeram cá hoje, amanhã podia já ser tarde".
    Sentada no banco de trás da Peugeot 504, eu estava feliz: tinha jantado batatas fritas com salsichas e ainda por cima tinhamos ido passear de carro à noite. Não entendia o silêncio entre os meus pais, nem o olhar furioso da minha mãe.
Lembro-me de tudo isto como se fosse hoje.

   E porquê que estou a contar isto?
    Como toda a gente diz, eu saí ao meu pai. E pela segunda vez decidi não ir ao médico no início de uma doença simples para ir ao médico 1semana depois e acabar a tomar doses cavalares de medicamentos e antibióticos.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Eleições

Pessoalmente não gosto que me humilhem. Nem a mim, nem à minha inteligência, por muito parca que seja.
Sei que nenhum dos candidatos é um santinho, bonzinho, nem tem uma cura milagrosa para o estado do país, mas Cavaco Silva está sem dúvida nenhuma a gozar com a nossa cara!
Como é que alguém que foi ministro das Finanças durante 2anos, Primeiro Ministro durante 10 anos e Presidente da República durante 5 anos vem agora dizer que os sacrifícios estão mal distribuídos, que se for eleito vai fazer tudo para tirar Portugal da situação actual e por aí fora....
Desculpa? Então e estes anos todos, serviram para quê? Para andar a passear? Para a Cavaca encher o palácio de Belém de naperons e bibelots de mau gosto?
Alguém cujos amiguinhos se encheram de dinheiro à custa de instituições como o BPN não pode vir falar  aos pobrezinhos, nem dar como esmolinha os restos dos restaurantes.
Alguém que cria as propinas e manda a Polícia de Choque dar porrada aos estudantes não pode apelar ao voto dos jovens.
Alguém.... podia continuar a fazer listagens, não me estivesse a conversa a meter nojo!

Cavaco Silva e o dia da raça. Chamar-lhe gaffe é ser ingénuo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Be better

Quando andava na escola detestava o primeiro dia de aulas. Tinha sempre crises de ansiedade e não suportava as apresentções fofinhas que os professores faziam de si, muito amiguinhos e gentis, quando se via à milha que se iriam transformar ao longo do ano.
Outro motivo da ansiedade, acho agora, eram os cadernos. Ver aquelas páginas direitinhas, lisinhas, limpas e bonitas (adoro o contraste do branco com as linhas azuis dos cadernos da âmbar) era como ver um desafio, e uma nova oportunidade de começar de novo e de fazer melhor.
Um caderno é uma coisa pequena, eu sei, e a crise também não ia por ali além... geralmente durava duas ou três aulas até ter a coisa toda torta, ao fim de um mês já me esquecia que o caderno um dia tinha sido novo. O problema é quando se tratam de coisas maiores. E se começa do zero, tudo em branco, todas as oportunidades, todos os desafios, algo que se alimenta só de mim e que pode tomar todas as direcções, todas as formas e está só na minha mão... isso sim é um desafio. Chega a dar medo. Chega a dar adrenalina. Chega a dar tudo, inclusivé vontade de correr para o colo da minha mãe... que não percebe nada do assunto portanto também não vai poder ajudar, lolol
E tem mesmo é de dar energia. Para fazer bem, fazer o que eu quero e nunca me esquecer que vou poder sempre mudar e levar até onde eu quero. É essa a questão: nunca me esquecer que aquilo é para ser o que eu quero. Que tenho de olhar todos os dias e todos os dias sentir que é aquilo. Que quando não for, tenho de mudar.
A não esquecer: tenho de acordar e todos os dias olhar com um sorriso. Está nas minhas mãos. Não me posso esquecer.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Vão à fava!

Concordo com a algumas medidas de Higiene e Segurança Alimentar, sou completamente a favor da nova lei do tabaco mas há uma coisa que eu não percebo...
Porra, porque é que não podemos ter a fava e o brinde no bolo rei????

Se já nos tiraram a colher de pau, os cartuchos das castanhas em lista telefónica e até o dinheiro para as prendas de Natal, deixem-nos pelo menos ficar o brinde e um bocadinho de tradição!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Intermitências da morte

Sempre achei que devíamos ser avisados antes de morrer. Não para resolver todos os assuntos pendentes ou tratar da herança, mas sim para nos despedirmos das pessoas.
Os funerais e velórios deviam ser então, em vez de um momento de choro flores e tédio perante um morto, um momento de despedida em que dizíamos tudo, dávamos um abraço e dizíamos "obrigada pela boleia", "gostei de te conhecer", "obrigada por teres sido quem foste".
Acho que a morte seria então encarada com mais naturalidade, talvez mais saudade, mas pelo menos ninguém mais ficaria com tudo aquilo engasgado na garganta: o agradecimento que não pode fazer, a confissão que vai ter de guardar e o silêncio que o separa da pessoa que morreu. Creio que é isso que nos faz sentir tão desconfortáveis num velório: ficamos estupefactos e calados perante alguém a quem temos tanta coisa para dizer, numa ilusão de que ainda há tempo porque o corpo ainda está ali, mas já é tarde de mais.

Na eminência, vou visitá-la esta tarde, dar-lhe um beijinho e fazê-la sentir que gostei de a conhecer. Era isto que devíamos poder fazer sempre.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Porto e Marés Bibas

Pois é, tenho andado bem por longe.
Fui até ao Porto para um festival, pouco convicta embora cheia de vontade, e percebi que já estava em fase de Burn out. Por vezes estamos tão enterrados quem nem damos conta de quão lá pelo fundo andamos...
E a malta do Norte, os festivais e os morangões ajudaram-me a perceber isso!
Foi diferente daquilo que esperava (embora também não saiba bem do que estava à espera), mas foi muito bom, quase doce, com amigos novos, uma vida nova, literalmente, nasceu um pequeno Miguel que me reteve no Porto mais uns dias, um novo amor (não meu) e uma vontade enorme de me mudar para a terra dos finos e das francesinhas....

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A saudade e a dieta

Tirado daqui
A saudade é um sentimento curioso. É, provavelmente, dos sentimentos mais urgentes que existem. Acho que todas as canções e poemas sobre saudade devem ter sido escritos nos primeiros dias da partida do ser amado.

Porque, convenhamos, saudade - essa palavra que só existe no nosso idioma - se esgota ao fim de um tempo. Essa dor tamanha, que parece que não vai passar nunca, também passa. E aí a gente passa só a sentir falta, quando lembra, de vez em quando. Por fim, a gente se acostuma com a ausência, que se torna presença constante. E vira lembrança. Às vezes doce, às vezes agri-doce.

É que nem fazer dieta. A gente pena nos primeiros tempos para se habituar a viver sem aquilo que (parece que) faz tanta falta. Depois se habitua à saladinha light, grelhados e só escorrega no açúcar vez por outra porque ninguém é de ferro.

Afinal, e todo nutricionista que se preze sabe disso, o segredo de uma vida amorosa saudável é evitar comer frituras e tudo o mais que faça mal ao coração.


Saudade, só se for do tempo antes de precisar de fazer dieta... há quase um ano, antes de ter torcido o pé. Mas estou mesmo de dieta e cortei a 100% no açucar, eis a explicação para alguns posts mais amargos! ;)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

1 de Julho

Hoje é oficialmente o dia mais difícil do ano, acho que se pode mesmo chamar assim.
Os impostos sobem, os preços tambem e o irs acompanha-os, pelo que os salários acabam por descer duplamente.
Lembro-me perfeitamente de ter estudado uma situação idêntica no 11º. Li aquilo no livro, a professora explicou e voltou a explicar e ainda me consigo lembrar uma por uma das palavras que ela usou, porque essa situação me chocou.
Hoje vejo-a acontecer, e em vez de horrorizada sinto-me principalmente apática, tal como mais 10,5 milhões de pessoas.
Estava curiosa por ver o dia de hoje chegar sem o efeito analgésico do futebol e do mundial. Se ainda lá estivéssemos teria dado a culpa da apatia ao jogo contra não sei quem, ao Ronaldo e ao Queiroz, mas hoje foi também o dia em que a Selecção voltou a casa de casa com ar abatido (até essa), de quem falhou a vida. 
Assim, sem nem um futebol que permita a abstracção da vida real, não entendo o silêncio das pessoas, das ruas, do consentido "é assim".
Não escrevo para dizer que a vida é dura e por isso devemos ficar em casa a chorar, lavar dali as mãos (de água fria porque o gás também aumentou). Escrevo pelo contrário para dizer que se é dificil, temos nós de fazer algo para que se torne mais fácil.
Houve tempos em que as pessoas não podiam gritar, e fizeram-no. Hoje podemos, mas não queremos. Porque apesar de podermos, convenceram-nos de que "fica mal" e que a dignidade é aquilo que os outros pensam de nós.
Vamos continuar a enterrar a cabeça na areia até quando? Até nos roubarem a própria areia? Já faltou mais!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Viva o Futebol

"Portugal está embalado no berço do Mundial de Futebol. Dorme sobre uma crise gravíssima patrocinada por governantes rosas e laranjas. Descem os salários, aumentam os impostos, o desemprego sobe, as SCUTS pagam-se, a pobreza aumenta e a riqueza de alguns triplica.
Mas que importa se o Ronaldo está bem. Salazar tinha a tourada e o Eusébio. Agora temos o Ronaldo e uma vida toureada."

Tirado daqui. 
Haja alguém que me entende.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Perdemos umas coisas, talvez ganhemos outras...
No fundo,  não precisamos de estar sempre a ver tudo aquilo que temos. 

Acho que é esta a moral da história / consolo do dia de hoje.
Ainda bem que pago 160€ por mes para a Seguranca Social, tanto quando trabalho como quando nao trabalho, porque senao hoje tinha vindo para a porta do posto medico as 6horas, para conseguir uma consulta para o medico de familia que nao tenho.